16 de fevereiro de 2010

Fragmentos.

Entrei pela porta como se estivesse esperando ser atacada por alguém escondido à espreita: paranoicamente cuidadosa. A porta fez um leve rangido ao ser aberta, pois há muito tempo ninguém a tocava. A madeira do piso, parecia ter estalado com preguiça ao ser pisada..

As paredes finas tinham pequenos orifícios de balas, por onde a luz do luar podia entrar confortavelmente. Acabei me engasgando com a fumaça, que me dava as boas-vindas num tom acizentado e quente.

(...)

Uma lareira trepidava num silêncio bruxuleante. Meu coração palpitava gradativamente, anunciando o nervosismo típico. Havia um sofá antigo com os braços rasgados, de onde pude observar o interior escuro e amadeirado. Sua coloração era verde-oliva enferrujado e parecia ser a única mobília da casa.

Sentei e encostei a cabeça nele, sem pressa de sair para perscrutar o lugar. Não que tivesse medo, mas não parava de pensar no motivo que me levara até ali. O sofá ficava de costas para a porta numa posição diagonal. E de frente para uma janela sem vidros, protegida apenas pela cortina preta de renda. Afastei-a com a ponta do pé e comecei a ouvir os ruídos da casa, acrescentando uma lenta observação do céu.

(..)

Havia tantas estrelas brilhantes que era um absurdo pensar que elas estavam todas mortas, na verdade.
Desejei poder morder as estrelas-cadáveres com toda minha voluptuosidade e languidez.
Eu aguardava, pacientemente.. até que a hora certa chegasse e me tomasse pelos braços, dançando comigo até o trágico fim que eu tanto ansiava.

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